sexta-feira, 14 de maio de 2010

As Crónicas de Roberdões da Pichota: Zé, o traficante de carneiros, parte 2

Fazia-se sentir um vento cortante no dia em que Zé e a sua famelga (a mulher ainda está inconsciente) chegaram à cidade da Luz.
Apesar do nevoeiro Zé viu Armindo ao longe com um Fiat Punto dos antigos. Ao abrir a porta do carro começou a reunião familiar:
-Então meu cabrão?- Disse Armindo ao dirigir-se a Zé
-Vai-se andando, filho da puta!- retorquiu Zé

Zé olhou de relance para o carro, apesar do nevoeiro destingiu os traços clássicos

-Então o meu gabarolas de merda, onde está o BMW?
-Era alugado, esquece isso, vou-te mostrar o meu palácio

Apesar de desconfiado, Zé lá seguiu com Armindo, com as expectativas a aumentarem a cada quilómetro,apesar do chiar e cheiro estranho do velho Fiat.

Chegado aos aposentos de Armindo, Zé estranhou:

-Então, para-mos neste bairro velho, mal-cheiroso, cheio de merda e drogados para quê?
-Eu moro aqui, pá!

Zé engoliu em seco, todas as histórias de fortuna e luxo não eram mais reais que os 150000 postos de trabalho prometidos por Nós Sabemos Quem. Mas Zé não podia reclamar,era a única solução para escapar ao Enteado.

Chegados aos aposentos de Armindo, Zé pôs o nariz debaixo da camisa, havia descoberto de onde vinha o cheiro a merda.Ignorando os insectos que faziam do apartamento de Zé a sua pousada o fugitivo do Enteado pousou as suas coisas e olhou para o panorama a partir da janela: edifícios em maus estado e pessoas de aspecto duvidoso viam-se a partir do suposto quarto de Zé.

-Puta que pariu os imigrantes.

Continua