quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fogos de Verão

Eu sei que normalmente quando um post tem no título alguma tradição eu começo por dizer "odeio/adoro [festividade x], caralho" (sendo "caralho" mais do que um palavrão um elemento de coesão entre ideias), mas desta vez falo de algo que tenho uma relação de amor/ódio.

Odeio os fogos, caralho!
Tá um cheiro a queimado que não se pode, fica um calor desgraçado, e a polícia não deixa a gente lançar foguetes,MAS AGORA O FOGO É MAIS IMPORTANTE QUE AS FESTAS DA Nª SRª DAS MACIEIRAS?
E ainda por cima se aquilo chega aqui dá cabo das plantações, é uma merda, depois lá tenho de ir ao Pingo Doce comprar daquelas coisas cheias de produtos químicos (curiosamente já não tenho diarreia há 2 semanas).

Adoro os fogos, caralho!
Há alguma coisa melhor que sentar à porta da tasca do Zé com uma mini na mão a apreciar o fogo, ver as sirenes todas e os bombeiros?
Pois não! Só ver o BEINFICA a ser campeão!


Por um lado adoro os fogos, por outro odeio nem sei bem o que prefiro mas para já vou abrir mais uma mini, acho que o Ribeiro foi-se meter no meio do pinhal com dois baldes de água.

terça-feira, 1 de junho de 2010

CRP: Zé, o traficante de carneiros, parte 3

Zé não desgostava da França. Estava com receio de ter problemas na comunicação, visto não saber um palavra de Francês, e o seu Inglês resumia-se aos anúncios do Zézé Camarinha ao WallStreet Institute. Rapidamente descobriu, no entanto, que tais conhecimentos não eram precisos, visto que Armindo apenas contactava com outros emigrantes e fazia as suas compras na mercearia do Asdrúbal.
Armindo notou que algo não estava bem com Zé, chegando-se ao pé dele na varanda do apartamento disse:
-Foda-se que trombas, até parece que toda a gente te deve!
-A minha Maria acordou do desmaio, agora anda-me a chatear a cabeça ainda mais frequentemente.
-Põe-na inconsciente outra vez.
-Já o fiz, mas mesmo assim sinto falta de Roberdões da Pichota.

Armindo olhou para baixo, observava a rua, alguns tugas falavam alto num discurso que mais de metade das palavras eram "foda-se", "merda", "caralho", ou o clássico roberdiano pichoteiro "que mil caralhos me fodam", tal asneiredo não chocou nenhum dos dois, era rotina, tanto lá como cá.

-Todos nós, no fundo, queremos voltar a Roberdões da Pichota, estamos apenas impossibilitados para o fazer, como tu, fugir ao Enteado.
Zé rolou os olhos:
-Esse cabrão...

Os dias até eram pacatos, fora do bairro as ruas eram limpas e a enorme mescla cultural impedia o racismo.
Por incrível que pareça, Zé estava-se a habituar à ideia de emigrante, apesar das promessas de luxo de Armindo serem apenas fumo.
O que nenhum dos dois sabia era que um certo Enteado tinha viagem marcada para Paris, e ele não está nada contente.

Continua...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

As Crónicas de Roberdões da Pichota: Zé, o traficante de carneiros, parte 2

Fazia-se sentir um vento cortante no dia em que Zé e a sua famelga (a mulher ainda está inconsciente) chegaram à cidade da Luz.
Apesar do nevoeiro Zé viu Armindo ao longe com um Fiat Punto dos antigos. Ao abrir a porta do carro começou a reunião familiar:
-Então meu cabrão?- Disse Armindo ao dirigir-se a Zé
-Vai-se andando, filho da puta!- retorquiu Zé

Zé olhou de relance para o carro, apesar do nevoeiro destingiu os traços clássicos

-Então o meu gabarolas de merda, onde está o BMW?
-Era alugado, esquece isso, vou-te mostrar o meu palácio

Apesar de desconfiado, Zé lá seguiu com Armindo, com as expectativas a aumentarem a cada quilómetro,apesar do chiar e cheiro estranho do velho Fiat.

Chegado aos aposentos de Armindo, Zé estranhou:

-Então, para-mos neste bairro velho, mal-cheiroso, cheio de merda e drogados para quê?
-Eu moro aqui, pá!

Zé engoliu em seco, todas as histórias de fortuna e luxo não eram mais reais que os 150000 postos de trabalho prometidos por Nós Sabemos Quem. Mas Zé não podia reclamar,era a única solução para escapar ao Enteado.

Chegados aos aposentos de Armindo, Zé pôs o nariz debaixo da camisa, havia descoberto de onde vinha o cheiro a merda.Ignorando os insectos que faziam do apartamento de Zé a sua pousada o fugitivo do Enteado pousou as suas coisas e olhou para o panorama a partir da janela: edifícios em maus estado e pessoas de aspecto duvidoso viam-se a partir do suposto quarto de Zé.

-Puta que pariu os imigrantes.

Continua

sexta-feira, 2 de abril de 2010

As Crónicas de Roberdões da Pichota: Zé, o traficante de carneiros

Era um dia morno de Primavera.

As plantas cantavam, o sol sorria e o Zé estava a violar os seus carneiros. Aparentemente pareciam prontos para o novo carregamento, mas Zé sabia que algo não estava bem, Zé dava voltas e mais voltas analisando a situação, se mandasse estes carneiros no novo carregamento o nome "Zé" poderia ficar manchado para sempre, a sua reputação como traficante de carneiros acabaria. As exigências do Enteado eram bem claras: os carneiros deviam ser novos de cor clara e pêlo fofinho.Zé, sabia disto e sabia que não se podia dar ao luxo de desafiar O Enteado, Zé esforçava-se para não pensar nas consequências. Havia sabido que um dia o Asdrúbal tinha desobedecido ao Enteado e este num ápice lhe cortou o acesso de água aos campos, todos os tomates secaram.Zé, num acto de desespero, pediu um encontro com O Enteado, encontrou-o manjando um cozido à portuguesa guardado por dois trogloditas. Zé, após ser dada licença para entrar lançou o assunto:

-Receio que os carneiros não estejam nas melhores condições.
-Como assim?
-Creio que o pêlo esteja um pouco espesso.

O Enteado deu uma pausa ao cozido e olhou directamente para Zé, que tremia:

-E que tenho eu a ver com isso? Eu quero os carneiros em condições até ao Domingo, antes da missa.
-Receio não ser possível.
-Eu quero os carneiros! Até Domingo, Sr Zé.

Zé foi escoltado até à saída, não sabia o que fazer. Apenas restava uma solução, era uma saída fácil e já feita demasiadas vezes, mas não havia escolha.

Zé decidiu emigrar para a França. O primo Armindo estava lá fazia uns anos, e falava maravilhas, em Agosto vinha sempre montado num BMW novinho e falava da mansão que tinha em Paris. Contactou Armindo, que não se importou de o acolher.

Fez as malas, bateu na mulher até ficar inconsciente e arrastou-a e aos filhos até ao comboio para Paris (porque o avião é para finos armados em ricos), esperando uma nova vida, melhor se possível.


Continua

quarta-feira, 31 de março de 2010

Páscoa e anúncio

É verdade, vou falar sobre mais uma festividade em Roberdões da Pichota!

Este ano o padre vai voltar a fazer as visitas às casas dos crentes depois de há 2 anos o Ribeiro depois de ter visto o sacerdote a entrar na sua propriedade lhe ter espetado um tiro com a sua espingarda, pensando que era um ladrão.
Só não gosto é da maneira como o padre olha para as pratas do meu bisavô que tenho em casa e para as tetas da minha minha mulher. O ano passado o gajo perguntou: "Já doou para a Igreja?", eu fiquei atrapalhado porque já não dava nada à igreja há 2 semanas, desde que o meu filho me apanhou a roubar das poupanças dele, o meu filho não percebe que se a gente não der ficamos mal vistos e os vizinhos comentam.

Mas o que interessa é o almoço, caralho! Come-se de tudo e mais alguma coisa. Peço sempre à minha Maria para não tirar a gordura, porque assim é que é bom, os meus filhos ficam preocupados porque pensam que eu posso apanhar colestrol, mas eu digo que isso só se apanha se não se andar bem agasalhado no Inverno e eles calam-se perante a minha sabedoria.

Foi um post curto, mas é para avisar aos leitores que no próximo post vão começar as crónicas de roberdões da pichota, com a história do Zé, o traficante de Carneiros.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnaval

Foda-se.


Odeio o Carnaval. Os putos só fazem merda e as gajas andam mais desenvergonhadas que o habitual. No entanto o presidente da câmara (esse filho da puta) resolveu fazer um desfile de Carnaval em Roberdões da Pichota. Eu preferia ficar em casa a ver as Tardes da Júlia mas a minha Maria obrigou-me a ir ver.

Chegando lá, até presidente se tinha juntado à folia, mascarado de vampiro. O Ribeiro não resistiu: "Tira a máscara filho da puta!", disse, infelizmente para ele, antes de conseguir subir ao carro onde o presidente estava foi impedido pela PSP, mas ainda se ouvia: "Chupas-me o dinheiro, chupas-me o sangue, vai mas é chupar uma ...", a PSP impediu o atrasado do Ribeiro de acabar a frase, pois já havia miúdos a repetir as belas palavras do Ribeiro.

Felizmente aquela merda acabou cedo. Valeu a porrada entre roberdianos pichoteiros e ramboianos curcuvianos.

Outra merda que aconteceu foi que hoje a ASAE lembrou-se de ir inspeccionar os tascos da zona. Eles chegaram à entrada do tasco do Zé, deram um passo para trás, segredaram qualquer coisa e 5 minutos mais tarde voltaram com o equipamento anti-radiação. O Zé ficou chateado, pois o tasco ficou praticamente vazio e ficou fechado. Pobre Zé, qual é o mal de ter mostarda 1 ano fora da validade? Não se come à mesma? Meninos da cidade, enfim...

Bem, vou deixar o amigo internauta aproveitar o feriado, que eu tenho de fechar as janelas, os balões de água acabaram-se e agora os putos estão a atirar bosta de vaca.