quinta-feira, 2 de julho de 2009

Boas tardes internautas

Quando nasci minha mãe gritou bem alto "CASEMIRO!", meu pai pensou que o grito seria a afirmação do nome do seu novo filho, estava-se no entanto a referir ao nome do médico cá da aldeia. O que é certo é que o nome ficou. Quando me foi registar, informou o homem encarregado da tarefa de registar as novas crianças que me queria como"Casemiro Nogueira Inácio", o pobre desgraçado estava, no entanto, aquela hora já estava com a sua dezena de copos de uma variedade de bebidas alcoólicas no sangue, registou-me então como "Casemiro Caganeira do Falácio".
O factor humorístico do meu nome deu muitos maus momentos na minha infância. Uma vez, quando a minha professora da 1ª classe me perguntou o nome, eu respondi:
-Casemiro
-E quais são os teus outros nomes? - perguntou a professora.
- Caganeira do Falácio - respondi, inocentemente, com um sorriso na cara.

As consequências foram desastrosas, fui repreendido, passei todo o intervalo voltado para a parede, apenas depois de a professora dizer aos meus pais que eu era um grande malcriado, de levar uma sova tanto desta como dos meus pais e de saber de cor o número de rachas na parede a maldita mulher se lembrou de verificar o meu nome.

Vivo na minha aldeia desde o meu nascimento, Roberdões da Pichota estará sempre no meu coração .Muitos dizem que somos antiquados e rudes, mas isso são os meninos da cidade sempre com inveja do nosso ambiente pacato.

A minha ocupação é a agricultura, tenho tomates, batatas e muitas árvores de fruto. Se o leitor quiser umas maçãs ou uns courgettes que vá com a sua viatura a Roberdões da Pichota e sai de lá com uma fruta mesmo boa. As minhas maçãs são mesmo doces e não têm nada daquelas porcarias para as pôr maiores.

O Asdrúbal e o Aleixo são os meus companheiros de sempre, todos os sábados juntamos-nos no café do Zé para beber umas cervejas, um vinho tinto, jogar matrecos e ver a bola.

Sou casado e tenho filhos, os dois sacanas estão a estudar na cidade, com a mania das grandezas, estão a gastar todo o dinheiro da família para um dia serem uns "senhores doutores", eu perguntei ao mais velho se isso era realmente necessário e se não bastava ficarem a trabalhar na aldeia como todos os homens honestos, ao que ele me respondeu:
- Eu tenho maiores ambições, a aldeia está morta. Não quero um trabalho pesado e mal pago como toda a gente por aqui.
-Quer andar de camisa limpa não é? Não queres fazer nada na vida.

Comecei a fazer uma representação do que seria a vida do meu filho:

-Olha para mim, estou limpinho, não faço nada e roubo quando posso atrás de uma secretária.

Olhei para o meu filho e disse:

- Tu vais mas é trabalhar, vais fazer algo de útil para a sociedade.

O sacaninha ainda teve a coragem de dizer que tinha a decisão tomada e teve a lata para me dar conselhos, "tens de deixar de ver os contemporâneos", disse ele.

Por hoje não me apetece escrever mais, neste blog vão ficar a conhecer a minha aldeia e as belas gentes que a habitam.

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